Eles ou Nós: Assuntos de Preocupação

 

A ideia ambivalente de ‘eles’ ou ‘nós’ combina com eloquência parte dos ‘assuntos de preocupação’ que impulsionaram alguns dos meus projectos curatoriais em arenas e contextos variados.

O que aqui se propõe é um passeio fragmentário por esses temas, que acabam por fornecer uma investigação sobre o estado do mundo processada entre a autonomia da escrita e a realização de exposições munidas de posições críticas declaradas.

 

A Classe Média Morta-Viva

Em velhos filmes de John Carpenter, ou mais particularmente no imparável renascer dos mortos-vivos na cultura popular recente, já se tinham reconhecido as alegorias que, em última instância, evocam a massa indistinta e repelente a que os ‘outros’ tendem a ser reduzidos e ‘coisificados.’

Porém, aquando da preparação da exposição Uneven Growth, Tactical Urbanisms for Expanding Megacities, [1] em Nova Iorque, foi a primeira vez que dei comigo a pensar sobre o lado da barreira em que me queria – ou poderia – situar na dicotomia do ‘nós’ e dos ‘outros.’

Numa cidade e num país onde a estratificação de classes é cuidadosamente obliterada de qualquer debate, mas onde a desigualdade económica é tão expressiva como num regime de apartheid, somos inevitavelmente levados a reflectir numa base diária sobre o pólo onde nos situamos ou aspiramos colocar dentro de um esquema social dual.

Na Europa, enquanto a pressão económica sobre a sociedade não alastra de Sul para o Norte, ainda se convive pacificamente com o conforto impreciso da classe média gerada pelo Estado Social do pós-guerra. Nos Estados Unidos, e numa cidade como Nova Iorque, a ideia de ascensão social associada ao Sonho Americano já se estilhaçou há muito, reduzida que foi a uma lotaria social aleatória.

É neste tipo de lugares que começamos seriamente a pensar se nos podemos contentar com um ‘nós’ falsamente idealizado. Com o estertor de uma classe média cada vez mais espremida entre opostos, deparamos com um nicho sócio-económico lentamente compelido a escolher se se cola por todos os meios possíveis ao 1% do topo da escala social, ou se, sem opções, se deixa deslizar lentamente para a indigência.

Mesmo que, ideologicamente, alguém não quisesse abraçar o 1% e contribuir para uma assimetria crescente, quem no seu perfeito juízo preferiria a segunda opção?

 

Preferiria que Não

Embora em última instância tudo possa depender da difícil capacidade de manter as opções em aberto, o ‘nós’ de uma classe média urbana em extinção acabará por ter de ‘escolher’ um dos dois ‘outros’ que se vão polarizando radicalmente nas grandes cidades globais.

Não é certamente por acaso que as ‘tipologias urbanas’ que mais cresceram nos últimos anos foram os ‘condomínios fechados’… e os bairros de lata.

Esta ‘escolha,’ ou a crescente perda da sua miragem, é o que acontece de forma contundente numa urbe como o Rio de Janeiro, uma das megacidades analisadas e retratadas na exposição Uneven Growth.

Tal como noutras metrópoles da América Latina, da Ásia ou de África, aquele estrato social que na Europa corresponde a uma classe média baixa, urbana e condigna, constituída por empregados de serviços e trabalhadores qualificados, vê-se ali obrigada a habitar em condições e regimes informais – os únicos que os ‘favelados,’ ou condenados à ‘favela,’ conseguem sustentar com os seus parcos rendimentos.

Embora se afirme correctamente que, a nível global, milhões de pessoas continuam a escapar à pobreza extrema, o que normalmente se esquece de referir é que isso não se traduz necessariamente num acesso concreto e condigno à cidade formal da chamada ‘classe média.’

O assustador, no entanto, é que, dada a evolução populacional do planeta e o progressivo esgotamento dos seus recursos, esta tendência não se deverá inverter.

Pelo contrário, não é difícil prever que acabará antes por alastrar a contextos onde dominava ainda o regime formal de uma classe média alargada – basta relembrar o cautionary taleda ex-capital da indústria automóvel americana, Detroit. Tal como New Orleans também revelou no rescaldo do furacão Katrina, a feralidade urbana, ou a tendência para uma cidade regredir para o caos e para um estado evolutivo anterior, é mais fácil do que se imagina.

As pesquisas da inteligência militar americana registam esse facto com uma ansiedade fria e calculista.[2]

 

Um Lapso Histórico

Quando nos recordamos que, na Europa ou em cidades como Nova Iorque, partes substanciais da população urbana ganharam direito a uma cidade condigna apenas a partir dos inícios do sec. XX, percebemos como o ‘nós’ da classe média, tal como o conhecemos hoje, poderá um dia vir a ser estudado como uma realidade efémera, um momento breve e exótico na longa história da humanidade.

De facto, como se concluía em Uneven Growth, se os programas de erradicação de bairros de lata nas grandes cidades europeias e americanas foram sustentados pelo rápido crescimento industrial do período – bem como pelo início da devastação dos combustíveis fósseis – hoje em dia dificilmente se conseguirão encontrar os recursos para controlar e contrariar a expansão das novas e rápidas extensões urbanas informais.

Se os urbanismos tácticos endereçados na exposição do MoMA previam para esses contextos soluções de adaptação, mais do que de erradicação, não é difícil antecipar cenários alinhados com muita da ficção científica actualmente produzida em Hollywood – de Elysiuma Ghost in theShell– em que os regimes informais e a pobreza generalizada se fundem e hibridizam com tecnologias avançadas massificadas, num quotidiano steampunkpela primeira vez vislumbrado em Blade Runner.

It’s time to welcome the techologically-enhanced slum.

 

Tribos de Ratos e Outros Humanos Contemporâneos 

Perante os cenários mais distópicos que se colocam relativamente ao futuro próximo da humanidade – tema de remate de Utopia/Distopia, a primeira mostra colectiva internacional que juntou artistas e arquitectos na programação do MAAT[3]– não admira que muito trabalho artístico contemporâneo se debruce sobre uma deriva de direitos humanos básicos, ou sobre verdadeiros retrocessos históricos dos nossos tempos, muitos vezes associados à informalidade global insidiosa que cresce nos centros urbanos.

Por entre um retorno generalizado a uma informalidade plástica e visual que também deve merecer a nossa atenção, na 15a Bienal de Istanbul – sob a tutela do duo de artistas Elmgreen e Dragset dedicada em 2017 ao tema Uma Boa Vizinhança – uns 10% dos 56 selecionados escolheram focalizar-se, de um modo ou outro, na emergência de novas e sombrias realidades do habitar informal.

Com origens geográficas muito distintas, as peças tinham em comum retratar indivíduos que, ainda há bem pouco tempo, se podiam congratular por nascer numa sociedade em que alguns dos problemas da informalidade urbana aqui abordados tinham sido – ou supostamente estavam a ser – ultrapassados.

Em The Fascism of Daily Life, por exemplo, as artistas britânicas Morag Keil e Georgie Nettell mostram as degradantes condições de vida dos jovens profissionais londrinos que, em plena capital financeira europeia, se confrontam com a dura realidade de serem a primeira geração na história europeia que, em média, aufere menos rendimentos que os seus pais.

Já o artista chinês Sim Chi Yin desvela os habitáculos subterrâneos, exíguos e insalubres, onde aqueles que os media chineses chamam a ‘rat tribe’ garantem a proximidade aos seus empregos no centro de Pequim.

Situações não muito diferentes da realidade invisível que, na exposição Uneven Growth,se foi descobrir nos bairros de Nova Iorque que albergam os emigrantes que chegam à cidade, muitas vezes amontoados às dezenas em terrace housesgradualmente subdividias em ‘dormitórios-favela.’

A diferença em relação ao passado é que as novas tribos possuem smartphones e, para além das habituais dízimas fiscais, contribuem também o seu quinhão para o sistema de consumo que move a economia global para o desastre. Portanto, como aliterava o outro, “se não lhes podes dar pão, dá-lhes wifi.”[4]

 

Eles ou Nós

Mesmo numa ‘periferia’ como a portuguesa, o ‘nós’ é cada vez mais facilmente identificável –  até aos extremos do politicamente correcto e dos seus opostos – como a identidade daqueles que detêm um certo poder social ou económico, que dominaram um determinado nível de conhecimento, os que entendem o mundo (incluindo o entendimento do ‘outro’), os que desconstruíram e ultrapassaram os seus complexos coloniais, os que orgulhosamente se continuam a auto-classificar como classe média, e aqueles que, enfim, se convencem terem já superado o estádio evolutivo do bairro de lata.

O ‘eles’ passa por todos os que não se enquadram nestas difusas categorias ontológicas, incluindo os habituais migrantes e refugiados, os indígenas, os de outras raças, os ‘pobres’, mas também os que nos antecederam, os que discordam de nós, os que de uma ou outra forma nos dominam, e ainda todos os restantes não-humanos que em plena era do Antropoceno parecem ter ‘reaparecido’ para povoar o planeta.

E é verdade que o ‘ou’ que se situa entre estas duas realidades intermutáveis tem um carácter de exclusão radical, que cada vez mais redunda, de novo, num espírito de sobrevivência absolutamente Darwiniano.

Se antropologicamente esse carácter sempre esteve presente – a sobrevivência do ‘nosso’ grupo depende da aniquilação do grupo ‘deles’ – ele recrudesce de cada vez que se pressente uma ameaça genérica.

E se as diferenças étnicas e raciais fornecem o rastilho para o conflito, factores como a escassez de recursos – para não dizer a pobreza endémica de uma região ou de uma nação – ou até efeitos de alterações climáticas ainda escassamente intuídos, são algumas das ameaças que agudizam o carácter mutuamente exclusivo desse ‘ou’.

No meio desta tensa dicotomia de contornos inevitavelmente bélicos, convém não esquecer que ‘nós’ somos sempre o ‘eles’ de um ‘outro.’ No Sul da Europa, somos, como muito bem sabemos, o ‘eles’ do Norte da Europa. E vice-versa. Nas ruas de Luanda, senti tanto o racismo penetrar a superfície da minha pele fantasmagoricamente branca, como estou seguro que em Lisboa o sentiram na pele todos os angolanos que não aparentem ser oligarcas abastados.

Como um próximo projecto curatorial multi-institucional se propõe abordar, um dos impactos menos discutidos das alterações climáticas passa justamente pelo incremento radical das desigualdades sócio-económicas. A investigação para a exposição Eco-Visionários bem pode ter começado com a ideia de combinar o pessimismo do ‘intelecto’ com o optimismo da ‘vontade,’ mas, no meu caso, cedo se viu submersa pelo primeiro.

Afinal, é preciso notar que o incremento global da iniquidade não se dará tanto porque, como non-challantlydizem as notícias do dia, os países ‘pobres’ que menos contribuem para as referidas alterações climáticas serão os mais afectados.

Esse é o tipo de factóide que, mesmo num país em seca severa e pleno processo de desertificação, como é o caso de Portugal, pouco ‘nos’ parece afectar. Assumimos convenientemente que se trata de algo que diz respeito a um ‘eles’ distante: isto é, a uns quantos países-ilhotas que serão submergidos pelas águas dos oceanos, ou, do outro lado da escala, a umas quantas nações africanas cujas populações já começaram a definhar de sede e fome.

Não, o que não é discutido, por demasiado insuportável, é que a lenta evidência de uma 6aExtinção no planeta produzirá uma ‘rat race’tecnológica para determinar quais são os 97 a 99% da população humana que terão que enfrentar o extermínio, para que 1 a 3% se possam juntar à nova Arca de Noé.

E isso implica, primeiro, acentuar friamente as desigualdades a um nível jamais visto e, depois, criar activamente o maior número possível de grupos de ‘outros’ a abater, para reduzir ao mínimo os números daqueles que poderão integrar o grupo privilegiado do ‘nós.’

A erradicação pura e simples de 25 milhões de Norte-Coreanos, ameaçada nas Nações Unidas por Donald Trump no preciso dia em que escrevo, é apenas um aperitivo amargo para as décadas que aí vêm.

 

O Novo Normal

O que cientistas e filósofos designam hoje por 6aExtinção não é mais que o corolário de uma análise lógica e objectiva de cinco momentos anteriores em que, no nosso planeta, se deram fenómenos de extinção de massas que levaram à desaparição da maior parte das espécies então existentes.

Aos humanos resta o conforto que a nossa espécie foi uma das que sobreviveu à 5aExtinção – e que, dada a tecnologia que hoje dominamos, seremos também provavelmente uma das espécies que sobrevirá à próxima.

Mesmo se não nos orientarmos por princípios de justiça divina, podemos lamentar tudo o que já está a desaparecer. Mas também podemos dar-nos por contentes por existir uma forte e perversa possibilidade de sobrevivermos ao momento em que o planeta vai regurgitar com toda a naturalidade o lixo que criámos desde o advento da Revolução Industrial.

Entretanto, por pura necessidade de equilíbrio mental, ignoraremos e recalcaremos a própria concepção desta progressão aparentemente inevitável para um novo reajustamento do planeta.

De facto, este fenómeno de extinção poderá ocorrer num horizonte de 50 a 250 anos, conforme o grau de pessimismo dos vários cenários, e, portanto, ‘nós’ podemos, mais uma vez, retirar conforto de que já não assistiremos ao ‘pior’ – muito embora com este recurso psicológico estejamos a colocar alegremente os nossos filhos e os nossos netos na desprezível categoria do ‘eles.’

De outro modo, o pré-ajustamento emocional ao que aí vem traduz-se necessariamente numa necessidade de adaptar o sistema perceptivo humano a um ‘novo normal’ – e a um ‘novo normal’ que é muito mais extremo do que aquele que hoje em dia enche a boca dos economistas e dos comentadores políticos.

Este não é o ‘novo normal’ da estagnação secular da economia após a grande recessão de 2008. Este não é, sequer, o ‘novo normal’ do ressurgimento das políticas nacionalistas e populistas. Este é o ‘novo normal’ do longo e acidentado caminho para a aniquilação total.

E, neste aspecto, a arte contemporânea e a produção cultural em geral detêm um papel que, poderá ir mais além de um necessário activismo político, como sugeri para o campo arquitectónico na exposição Ways of Being Political,[5]ou de uma eventual revelação do que permanece invisível no desassossego das sociedades de hoje, tal como se evidenciava em muitos dos vídeos da recente mostraTensão & Conflito.[6]

J.W. Turner e os Impressionistas ajudaram-nos a ‘habituar’ ao advento da era industrial e transformaram a poluição atmosférica num novo motivo para o sublime kantiano – uma noção de sublime que, recorde-se, nascera da ideia de catástrofe e, muito em particular, do impacto com que o terramoto de 1755 em Lisboa toldou o pensamento do Iluminismo.

Os Futuristas e os Cubistas, por sua vez, ajudaram-nos a ‘habituar’ às distorções da visualidade e da cultura introduzidas pela aparição de novas tecnologias que tanto alimentavam a vertigem da velocidade, como a complexificação da vida urbana, ou a chacina da guerra.

Perante os sinais mais superficiais do ‘novo normal,’ muitos nos campos artísticos de hoje podem achar um conforto residual na simples ideia de ‘resistência.’ Numa polaridade já habitual na história da produção cultural moderna, a atração ilusória pela ‘resistência’ orienta a produção artística para a ideia de autonomia, mas também, mais perigosamente, para uma efectiva recusa em olhar a realidade de frente.

Embora a lógica da inutilidade da arte escondida nestas atitudes possa vir a confirmar-se, nesses discursos a inutilidade é habitualmente entendida como uma ‘vantagem.’ Porém, face às características do ‘novo normal,’ apenas não se sabe exactamente para que servirá a ‘vantagem’ da inutilidade da arte. Servirá para um conforto temporário? Representará uma estratégia de mercado para garantir os valores simbólicos de uma crescente desigualdade sócio-económica?

Pelo contrário, quero acreditar que a arte poderá assumir de novo uma condição de vanguarda bélica e que poderá ter um papel a desenrolar na oposição do ‘eles’ ou ‘nós’ que, em última instância, constitui a essência do ‘novo normal.’

O ‘novo normal’ – a expressão hoje usada para evocar a resignação a uma condição em que nada será como dantes – constitui justamente o tema de pesquisa para a terceira ‘exposição-manifesto’ que, com Utopia/Distopia e Eco-Visionários, definirá um ciclo curatorial no Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, em Lisboa.

Quero acreditar que, perante o longo percurso que marcará o ‘novo normal’ aqui descrito, e perante a necessidade do duro ajustamento psicológico que esse percurso requer, as práticas artísticas são mais uma vez chamadas a ajudar-nos a criar a habituação psicológica às evidências do dia e, neste caso, ajudar-nos a adaptar à inevitabilidade do convívio quotidiano com os novos paradigmas estéticos do desigual, do informal, do feio e do monstruoso.[7]

 

* Ensaio encomendado para catálogo ainda não publicado, no âmbito da exposição Them Or Us: Uma Ficção Científica, Social e Política, com curadoria de Paulo Mendes, realizada na Galeria Municipal do Porto entre 2 de Junho e 13 de Agosto de 2017.

 

[1] Uneven Growth, Tactical Urbanisms for Expanding Megacities,curadoria de Pedro Gadanho com Phoebe Springstubb22 de Novembro de 2014 a 25 de Maio, Museum of Modern Art, New York. Ver também o catálogo da exposição Uneven Growth, Tactical Urbanisms for Expanding Megacities, Pedro Gadanho (ed.), Museum of Modern Art New York, New York, 2014. A exposição passava por desenvolver propostas especulativas que confrontassem e oferecessem alternativas ‘tácticas’ para a desigualdade crescente em seis metrópoles globais

[2] Ver Norton, Richard J., Feral Cities, The Naval War College Review, Autumn 2003, Washington.

[3] Utopia/Dystopia, com curadoria de Pedro Gadanho, João Laia e Susana Ventura, 22 de Março a 21 Agosto de 2017, Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, Lisboa. Ver também catálogo editado por Gadanho, com Laia e Ventura, MAAT / Mousse Publishing, Lisboa, 2017. A primeira ‘exposição-manifesto’ do MAAT reuniu obras de artistas e arquitectos que reflectiam sobre a percepção de uma transição de um período histórico de cinco séculos sob os auspícios da noção de utopia, para uma época em que ideias de distopia passaram a estar mais presentes na cultura popular.

[4] Este foi o comentário de um espectador anónimo da exposição Uneven Growth, perante a proposta para a cidade de Istanbul, na qual o colaborativo Superpool (Istanbul) + Atelier d’Architecture Autogerée (Paris) sugeria o uso de apps para instigar uma economia paralela híper-local de trocas de serviços, como solução para a monofuncionalidade dos subúrbios da capital turca. Ver Uneven Growth, Tactical Urbanisms for Expanding Megacities, ibidem.

[5] 9+1 Ways of Being Political, 50 Years of Political Stances in Architecture and Urban Design, 12 de Setembro, 2012 a 9 de Junho, 2013, Museum of Modern Art, New York. Nesta exposição feita a partir da coleção do MoMA exploravam-se as diferentes dimensões políticas da arquitectura após o início dos Anos 60. Expandia-se deste modo a noção de que a arquitectura é apenas uma expressão dos poderes vigentes, apontando que, na sua dimensão de produção cultural, esta pode também servir como expressão de contestação e observação crítica.

[6] Tensão & Conflito, Arte em Vídeo Após 2008, curadoria de Pedro Gadanho e Luísa Santos, 13 de Setembro 2017 a 19 de Março 2019, Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, Lisboa. Ver também o catálogo editado por Gadanho e Santos, MAAT, Lisboa, 2017. Em Tensão & Conflito apresentaram-se 22 obras em vídeo que tanto reflectiam a evolução recente dos usos deste media no campo da arte contemporânea, como revelavam também como o vídeo acompanhou e potenciou um crescendo de politização e activismo na arte produzida após a crise financeira de 2008.

[7] Já me tinha referido a alguns destes factores no meu ensaio de 2010, “Emergence Vs. Emergency, or How Knowledge Must Follow Fashion”, in Tickle Your Catastrophe, Le Roy, Wynants, Hoens e Vanderbeeken (eds.), Academia Press, Ghent: 2011.